Ontem acabei de ler o "Memorial do Convento" de José Saramago, e para além de ter achado o livro, todo ele, delicioso, venho partilhar convosco duas frases que me marcaram profundamente. Uma hilariante e a outra... embriagante!
A Rainha Mãe, D. Maria Ana, a dar os últimos conselhos nas vésperas do casamento à sua filha a Princesa Maria Bárbara, futura rainha de Espanha.
"(...) Olha, minha filha, os homens são sempre uns brutos na primeira noite, nas outras também, mas esta é pior, ele bem nos dizem que vão ter cuidado, que não vai doer nada, mas depois, credo em cruz, não sei o que lhes passa pela cabeça, pôem-se a rosnar, a rosnar, como uns doges, salvo seja, e as pobrezinhas de nós não temos outro remédio que sofrer-lhes os assaltos até conseguirem seus fins, ou então ficam em pouco, às vezes sucede, e nesse caso não devemos rir-nos deles, não há nada mais que os ofenda, o melhor é fingir que não demos por nada, porque se não for na primeira noite, é na segunda, ou na terceira (...)"
Ainda D. Maria Ana à sua filha Maria Bárbara,
"Assim é , minha filha, e quanto mais se for prolongando a tua vida, melhor verás que o mundo é como uma grande sombra que vai passando para dentro do nosso coração, por isso o mundo se torna vazio e o coração não resiste, oh, minha mãe, que é nascer, Nascer é morrer, Maria Bárbara."
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