Doze anos após a chegada ao Reino, Fernão Mendes Pinto começou a escrever uma obra, onde se misturam elementos autobiográficos, memórias e ficção. Deu-lhe o sugestivo título de Peregrinação. Esta só foi publicada em 1614, trinta anos após a sua morte.
"Não há na literatura portuguesa um tesouro de fantasia comparável a este. Uma selva espessa de aventuras, de acontecimentos, de descrições, de surpresas, de enormidades, um mar em que a vaga sucede à vaga (...)"
António José Saraiva no Prefácio à "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto, edição Sá da Costa, 1961.
Esta obra serviu de inspiração a Fausto no seu álbum Por este rio acima de 1984, e foi através deste o meu primeiro contacto com esta história alucinante!
Há qualquer coisa de exótico e aventureiro que me atrai... Isto, e é claro, a música de Fausto, dão o mote perfeito para este álbum fabuloso.
E pensam voçês: "pfff lá está ela com a panca do Fausto!"
Pá... É verdade... A questão é que ultimamente tenho andado coladíssima nesta música. Até já arranjei uma cópia (de segurança... pá de segurança!) para o carro, e é ver-me curtir esta música pela estrada. Até já a sei (quase) toda de cor... e olhem que não é fácil, meus amigos, não é fácil! Até o próprio Fausto usa uma cábula nos concertos para não haver erros!
Confesso que não foi das que mais me ficou no ouvido inicialmente, quando à já alguns anos peguei neste álbum. É preciso passar por outras 15 maravilhas! Um tesorinho! Cá vai para quem não conhecer e estiver curioso!
"(...) O aperto em que estou, olha o cobre e o ouro
Olha o bobo que eu sou, que se escapa o tesouro
Que me dá a fraqueza, enriquece bandido
A saudade do Tejo, O inventário da presa
Meu amor dá-me um beijo
Afasta-o do sentido, e lá vou eu desvalido
Olha o bobo que eu sou, que se escapa o tesouro
Que me dá a fraqueza, enriquece bandido
A saudade do Tejo, O inventário da presa
Meu amor dá-me um beijo
Afasta-o do sentido, e lá vou eu desvalido
Quando às vezes ponho diante dos olhos
Os trabalhos tremendos, os perigos que passei
O Inferno maldito, infinito, que afrontei
Vem à boca uma prece, a alma inteira estremece
Arde, Grita, Enlouquece, e vem à boca
Um amargo de morte arrefece-me o corpo
Um grande medo, meu Deus que estala no peito
Só o meu coração respira amores perfeitos
Que eu nem conto em segredo, que eu risquei do enredo
Num latino arremedo que eu nem conto
Quando às vezes ponho diante dos olhos (...)"
Os trabalhos tremendos, os perigos que passei
O Inferno maldito, infinito, que afrontei
Vem à boca uma prece, a alma inteira estremece
Arde, Grita, Enlouquece, e vem à boca
Um amargo de morte arrefece-me o corpo
Um grande medo, meu Deus que estala no peito
Só o meu coração respira amores perfeitos
Que eu nem conto em segredo, que eu risquei do enredo
Num latino arremedo que eu nem conto
Quando às vezes ponho diante dos olhos (...)"
Fausto, Quando às vezes ponho diante dos olhos, "Por este rio acima"
Estas palavras ultimamente têm-me dito muito...
não será certamente pelas aventuras do Fernão, mas pelas aventuras da Rita!
Eu tenho cada uma, que até parecem duas!
Eu tenho cada uma, que até parecem duas!
"Pois eu não me lamento
Se ao fim de tantos tormentos
Escapei deles com vida
(...)
Viva eu entre os mortais
Pois não mereci mais
Por meus grandes pecado."
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